sexta-feira, 11 de março de 2011

DO TEMOR DE TREMORES, TSUNAMIS E ASSOCIADOS

Estou errada ou, dias atrás, um vulcão entrou em erupção no Havaí?

Há relação entre uma erupção e um tremor de terra cujo epicentro situa-se no mesmo hemisfério e na “mesma” área geográfica?  Pois, se não fosse, o alerta para tsunamis conseqüentes não deveria caber ao Havaí, Costa Oeste dos EUA e, até, às Ilhas Galápagos.

Qual a relação entre a explosão de uma bomba atômica e um tremor de terra, se a bomba é explodida dentro da terra? De quais países, atualmente, tememos a fabricação de bombas atômicas?  Não se situam no mesmo hemisfério e na “quase” mesma área geográfica? Como acreditar que uma Hirsohima-Nagasaki nas entranhas da terra não cause transtornos à mesma?

Quando estive no Peru, em 1968, por dez dias, a trabalho, em Lima, um senhor, ao acompanhar-me na visita de uma Igreja parcialmente destruída por um terremoto, assim se expressou: “Que pena que, enquanto você esteve aqui, não houvessem terremotos.” Semi-chocada, com um gesto, demonstrei-lhe que não fazia nenhuma questão.

A sensação de um tremor de terra eu a experimentara, quase que contemporaneamente, um dia, quando, no horário do almoço, família toda reunida no 23º andar do Edifício onde residíamos, na Rua São Carlos do Pinhal, junto ao Edifício de “A Gazeta”, em São Paulo, repentinamente, o lustre acima da mesa onde almoçávamos começou a bailar e nosso Pai, tranquilamente, informou tratar-se de um terremoto.

Devo dizer que com o estomago um pouco doído continuei a comer, temerosa. Mas, nosso Pai nada demonstrou fazendo-nos ficar confiantes. 

Anos antes, eu residira no Vale do Sacramento, na Califórnia, onde a assustadora Falha de San Diego cria expectativas, muito embora os que lá residam sequer pensem na mesma e continuem a viver calmamente com toda a intensidade.

Certa noite de inverno, fui acordada pelo dono da casa que me fez olhar pela janela.  Lá fora estava tudo coberto de neve! E, neve não caia na cidade há mais de 30 anos! Fiquei feliz, muito embora já conhecesse a neve, pois, frequentemente, esquiávamos no Yosemite Park. Terremotos, felizmente, não houve.

Anos depois, mais precisamente em 69 e 70, moramos na Itália, a trabalho. Residimos na Sicilia, onde, junto com uma equipe internacional, elaboramos o Plano de Reconstrução da Sicilia Ocidental que fora devastada por um terremoto em 1968.

Em Menfi, residimos numa velha casa, com paredes muito espessas, das poucas que não haviam sido destruídas pelo terremoto.  Toda noite, eu deixava pendurada no berço de minha filha, uma sacola com mamadeiras, fraldas, etc. tudo que ela pudesse vir a precisar, pois eu sabia que ocorrendo um terremoto eu não fugiria sem a menina e ao agarrá-la, concomitantemente, agarraria a sacola que lhe ofereceria algum bem-estar. 

Eu só não sabia, que enquanto ocorre o terremoto as portas não se abrem, pois tudo sai do esquadro. Tinha sim, que proteger-nos, como já nos haviam ensinado nossos pais, aqui no Brasil.  Então, residíamos numa casa, no bairro do Paraíso, em São Paulo.  A melhor proteção, explicara nossa Mãe, é sob o arco de uma porta.

Posteriormente, fomos residir em Partinico, sempre na Sicilia Ocidental.  Coincidentemente, num edifício construído a prova de terremotos. Ele era flexível e podia oscilar 6 (seis ) metros. Tinha seis andares e nós residíamos no último.  Certa noite, de inverno, acordo e, pela janela, ao olhar a montanha em frente, vi-a totalmente coberta de neve.  Mais uma vez!  Após quase 30 anos, a neve voltara a Partinico!

Terremotos? Não houve.  No entanto, houve tremores, mas toda vez que isto aconteceu estávamos viajando a trabalho!

Em seguida, no segundo ano, residimos no Abruzzo, região, também propensa a terremotos. Mas, aí, nem tremores, nem terremotos, nem nevascas fora de programa.  Apenas, o usual esperado na área em que residíamos.

No entanto, eu amava a cidade de L´Aquila. Amava, não.  Amo. Amo, mesmo. Não sei qual é o imã que me prende a essa cidade. E, o porquê desse amor inusitado. Assim, sempre que achava um tempinho, inventava fazer o supermercado em L´Aquila, pois amava, também, viajar pelas montanhas até lá chegar. Foi aí que aprendi que, “Em qualquer situação de vida pode-se meditar”.  Basta soltar nosso pensamento.  E, assim acontecia no percurso. Essas viagens completavam-me, faziam-me crescer intelectualmente. Revigoravam-me dando-me um bem-estar interior inolvidável. 

E, L´Aquila nem se fale.  Chorei desesperadamente, muito mesmo, desconsolada como um bebê, quando do terremoto que a destruiu em 2009.  Posteriormente, falando com turistas chorei, ainda. Jamais imaginara uma ligação tão forte!

Mas, há muitos anos, foi aqui no Brasil, mais precisamente em Fortaleza, no 8º andar do Hotel Othon, à meia-noite, que senti um pouco o que é a sensação de um tremor de terra. Estávamos minha amiga-irmã, Régine e eu, deitadas, cada qual em sua cama, colchão cinco estrelas, após um dia muito agradável e, inclusive, divertido.  Como sempre, passamos o tempo muito alegre e animadamente.  Régine é inquebrantável em seu bom humor e eu não fico atrás. 

Subitamente, sinto algo que não sei bem definir até hoje, mas uma clara dor nas costas, como se eu estivesse esfregando-as numa daquelas antigas tábuas de lavar roupa de nossas mães e avós.  Olho assustada para a Régine, já que eu não estava a entender nada.  Ela me olha nos olhos, interrogativamente, como a perguntar-me “E, o que é que você está aprontando agora” (sempre fui, um pouco, a indisciplinada criativa da família).  Respondi que “Nada! Não sou eu!”

Posteriormente, soubemos que se tratara de um tremor de terra, como, frequentemente, ocorrem no norte da Região Nordeste, a partir do Rio Grande do Norte.

Aquele era um tempo de “Guerra Fria”, “Cortina de Ferro” e Bomba Atômica muito utilizada em experimentos velados, subterrâneos, nos EUA e na Rússia.  

Contudo, não sei correlacionar o que sentimos em Fortaleza com o assunto, porque não apenas não me lembro como, também, de férias, simplesmente, não estava interessada no assassinato do Homem pelo homem ou na destruição do “planeta do homem”.  Pois, então, a questão toda possuía uma diferente abordagem que tinha mais a ver com “subversão” do que com a conversão atual, vagarosa e lentíssima, do homem para o Homem.

Silvia Vannucci Chiappori
11.03.2011
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