domingo, 20 de fevereiro de 2011

Mercado "Modelo"

 

Entro no Mercado, um pouco apurada, pois a água está prestes a verter-se joelhos afora.

No intervalo entre um andar e outro, adentro o “Sanitário Feminino”. Gentilmente, a encarregada, por diversas vezes, enrola papel higiênico entorno de sua mão e, em seguida, estende-me o bolinho de papel.

Olho-o refletindo que a quantidade recebida fornecer-me-á um pequeno suprimento de “lenços de papel”, já que descobrira que os esquecera em casa. Melhor. Problema solucionado.

Ao mesmo tempo em que o olhar me fizera divagar, escuto a voz da encarregada dizendo-me “não se esqueça da minha caixinha”. Volto à REALIDADE. Já não sei se respiro aliviada pela solução dos lenços de papel, ou se soluço indignada pela gentil solicitação da encarregada.

Já não é bastante humilhante receber o papel contado – às vezes, para mais, às vezes para menos – de uma encarregada?  Por que não pode, cada consumidor, dispor do papel que deveria, obrigatoriamente, ser encontrado no box por ele utilizado? E, ter que pagar por ele?

A quantidade arrecadada pelos comerciantes do Mercado “Modelo”, não é suficiente para manter o consumo de papel nos toaletes?  Um dos boxes do toalete feminino está interditado ao uso. Para lavarmos as mãos há quatro pias. Uma possui um plástico preto engessando a torneira, duas são utilizáveis e a outra, talvez, não fosse o enorme rombo de sua bacia. Rodoviárias do interior, apresentam-se muito melhor.

Há poucos dias, tive o privilégio de utilizar o toalete da Estação da Calçada. Comparado ao do Mercado Modelo deveria constar do Livro dos Recordes por conta da limpeza modelar, muito embora apenas dois boxes possam ser utilizados.

Ao subir a escada para dirigir-me ao Restaurante “Camafeu de Oxossi” onde estava programado um almoço, passei diante do “Sanitário Masculino”.  O perfume que este desprendia, exalava, muito além da porta, embrulhando o estômago.

Qual a situação dos sanitários dos restaurantes, sempre muito utilizados, muito precários e, também, muito mal asseados?!

Sento-me à mesa com a esposa do casal que eu atendia. O marido, Sr. R., estava no sanitário, cuja porta situa-se justo ao lado do balcão do “Camafeu de Oxossi”. O “Toalete Masculino”. Ao voltar, senta-se à mesa e cochicha algo à esposa. Pretendi desconfiar do que se tratava, mas senti-me malvada. 

Pouco depois, o Sr. R. olha surpreso para o lado do “Toalete Masculino”. Postada lateralmente à cena, ao perceber o olhar do Sr. R. volvo meu olhar na direção do dele e observo uma Sra., que assistida por seu marido, entra no “Toalete Masculino”.  Tratava-se de um casal de turistas de mais de meia idade.

Precipito-me para explicar que a Sra. entrara no banheiro masculino. O marido desta, zangado, pôs-me de lado e permaneceu à porta barrando a passagem.

Volto, incontinenti, à mesa e pergunto ao Sr. R. se o banheiro masculino estava limpo. Ele responde que não. Sem que nada perguntasse, a esposa, Sra. R., informa que o “Toalete Feminino”, que ela utilizara junto ao Restaurante “Maria de São Pedro”, estava muito sujo... Quanta ironia! Pelo menos no andar dos restaurantes em que o asseio deveria ser a preocupação número um e junto a um “Camafeu”! Papel nesses “Toaletes”, impossível!! Tradicionalmente impossível é bom aclarar, pois, aí, jamais postou-se encarregado de “Caixinha”...

Como pode o Governo da Bahia incluir o Mercado “Modelo” em sua Publicidade Turística? Como podem as agências incluir o Mercado “Modelo” em suas programações? Por conta da vergonhosa e imperativa necessidade de pechinchar lá onde os preços não estão afixados, o turista deixa aí muitos din-dins à mais, já que a maior parte da mercadoria custa-lhe muito além do valor real.  O turista sai do Mercado “Modelo” sempre sentindo-se lesado, incluso no conforto mínimo necessário ao atendimento de suas necessidades fisiológicas.

Estamos em plena estação de cruzeiros marítimos e há dias em que cinco naves aportam.  Sem dúvida, todos os passageiros vão ao Mercado “Modelo”. Não deveria ser este, também, o cartão de visitas da cidade?

Parabenizamos o novo estacionamento.  Contudo, sanitários não são igualmente prioritários? Mais prioritários, antes do incentivo à freqüência de ainda maior número de consumidores? Por que não melhorar ou adequar as estruturas internas, ou seja, banheiros, boxes de alimentação  e cozinhas dos restaurantes, que permanecem “intactos” desde a reforma pós incêndio, há mais de 20 anos?

Faltam cerca de 1.026 dias para a Copa. Será que apenas a Copa do Mundo moverá esta cidade cuja administração é a líder do “No Stress”? Onde está o resultado dos impostos arrecadados pelo gordo comércio do Mercado “Modelo”, o campeão líder da não emissão de Notas Fiscais e da evasão de divisas tributárias? Por que não adequar o Mercado ao seu verdadeiro nome retornando o benefício às centenas de consumidores que, diariamente, deixam seus din-dins aí?

Este é um soluço que, há anos, aperta e dói na minha garganta.

Silvia Vannucci Chiappori
SSA, 20.02.2011

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