sexta-feira, 25 de março de 2011

CÃO SURDO APRENDE SINAIS

13:06, 22 de março de 2011
Lidiane Aires
Um casal de surdos da Irlanda arranjou o animal de estimação ideal para completar a família: a cadela Alice, que também é surda.
Marie Williams, 41, e seu companheiro, Mark Morgan, 43, estão ensinando ao filhote lições como sentar, rolar e atender a chamados. Tudo por linguagem de sinais.
 “Com um pouco de esforço, é fácil lidar com um cachorro surdo. Ela já aprendeu os sinais de vários comandos básicos”, disse Marie, que ficou extremamente irritada ao saber que o cachorro já havia sido abandonado por causa da surdez.
A cadela preta e branca, da raça springer spaniel, tem apenas 3 meses e foi parar num abrigo de animais depois que seu antigo criador percebeu que ela não podia ouvir.
De acordo com jornal The Sun, os funcionários do abrigo temiam não conseguir um novo dono para Alice, mas o casal disse ter encontrado o cão perfeito.
“Ela era tão bonita e o fato de ser surda fez com que nos apaixonássemos por ela ainda mais”, completou a senhora Williams.
Alice passará os dias na companhia dos três filhos do casal: Liam, de 16 anos, Lewis, 13, e Owen, 5.

JAPÃO, ANIMAIS AGUARDAM ADOÇÃO

Como podemos Ajudar?

Japão: abrigos de Fukushima cuidam de animais abandonados

Luna, uma Beagle, deita em sua casinha improvisada num abrigo de Fukushima / Foto: AP

Solitários, muitos bichinhos permanecem nos abrigos à espera de seus donos ou de adoção.
Triste, o cão aguarda o retorno de seu dono
Triste, o cão aguarda o retorno de seu dono / Foto: AP

Mesmo sendo famoso pelos treinamentos preventivos que faz com os cidadãos para minimizar os danos causados por desastres naturais, o Japão ainda deixa a desejar na preparação daqueles que moram perto de reatores nucleares.
O homem conversa com um dos cães do abrigo de Fukushima
O homem conversa com um dos cães do abrigo de Fukushima / Foto: AP

A gatinha Lady está recebendo tratamento no abrigo
A gatinha Lady está recebendo tratamento no abrigo / Foto: AP

Os abrigos de Fukushima estão cheios de animais abandonados
Os abrigos de Fukushima estão cheios de animais abandonados / Foto: AP

A mulher brinca com o cão solitário

MENOR CAVALO DO MUNDO

http://colunas.globorural.globo.com/planetabicho/2011/03/25/menor-cavalo-do-mundo-completara-seu-primeiro-ano-de-vida/

HOMEM AMERICANO, 15.000 ANOS

Por estadão.com.br, estadao.com.br, Atualizado: 25/3/2011 10:36
Cientistas encontram indícios de ocupação das Américas há 15.500 anos
Divulgação de Michael R. Waters
"Artefatos foram encontrados no sítio arqueológico Debra L. Friedkin, no Texas, Estados Unidos"
Pesquisadores encontraram milhares de artefatos no Texas, Estados Unidos, que datam de período anterior à suposta chegada da cultura Clóvis, creditada como a primeira a povoar as Américas, há cerca de 13 mil anos.
Estudos destes artefatos mostraram que eles têm entre 13.200 e 15.500 anos e foram encontrados em um sítio arqueológico chamado Debra L. Friedkin. Os pesquisadores usaram um processo de datação por luminescência, que avalia energia da luz presa aos grãos de sedimentos que cobriam as 15.528 ferramentas encontradas.
Michael Waters, da Texas A&M University, disse que a descoberta revela dados importantes para as discussões sobre o povoamento do continente americano. 'No sítio de Debra L. Friedkin nós encontramos evidências da ocupação humana anterior em 2.500 anos à cultura Clóvis. Este sítio é importante no debate sobre quando ocorreu a colonização das Américas e a origem da cultura Clóvis', explica o pesquisador.
Embora sejam visivelmente diferentes, as ferramentas encontradas apresentam algumas similaridades com aquelas creditadas à cultura Clóvis, que, acredita-se, tenha povoado o continente americano vindo da Ásia pelo Estreito de Bering. De acordo com os pesquisadores, o material da época da cultura Clóvis teria se originado a partir dos artefatos encontrados no sítio texano. As ferramentas recém-descobertas são menores e feitas a partir de uma rocha chamada sílex.

WWF, 50 ANOS: SELOS ANIMAIS EM EXTINÇÃO

FONTE: MSN, ORIGEM: BBC
22/3/2011
WWF comemora 50 anos com selos especiais
O Correio britânico está lançando uma série de selos com imagens de espécies de animais ameaçadas para comemorar o 50º aniversário da ONG ambientalista internacional WWF.
A série é formada por 14 selos com imagens de animais - cinco deles da fauna brasileira.
Estão retratados o elefante africano, o gorila-das-montanhas, o tigre siberiano, o urso polar, o leopardo-de-amur, o lince ibérico, o panda vermelho, o rinoceronte preto e um cão selvagem africano.
Da fauna brasileira estão representados nos selos a onça pintada, o sapo venenoso Dendrobates azureus, a arara-azul, o macaco-aranha e o mico-leão-dourado.
Os selos foram produzidos com papel fabricado a partir de árvores de florestas controladas e certificadas ou de fontes recicladas.
Dois dos selos - com as imagens do elefante e do tigre - também trazem uma inovação tecnológica.
Usuários de smartphones, com a ajuda de um aplicativo especial, poderão escanear as imagens e assistir a vídeos sobre as espécies ameaçadas, narrados pela atriz Miranda Richardson, embaixadora da WWF.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Solidariedade. De fato!

No Japão, um grupo de reporteres está filmando e, de repente,
aparece um cão chamando a atenção...

Os reporteres verificaram que o cão estava pedindo ajuda
para um outro cão ferido no tsunami...

Ele não saiu de perto do amigo ferido.  Com o seu corpo
manteve-o protegido e quentinho, até que a ajuda chegasse.

Vejam, no video, que lindo e emocionante!
Os cães foram resgatados e já estão sendo cuidados.

http://www.youtube.com/watch?v=J3TM9GL2iLI


Colaboração de Salyma Freitas

quinta-feira, 17 de março de 2011

SOLIDARIEDADE

S O L I D A R I E D A D E
“Qualidade de solidário
Que tem interesse e responsabilidade recíprocos
Mutualidade de interesse e deveres
Compromisso pelo qual as pessoas se obrigam
 umas pelas outras e cada uma delas por todas.”


Por iniciativa de uma das irmãs, daquele que foi um modesto Convento no qual, como em tantos outros, vendiam-se licores e biscoitos amanteigados, aos poucos, surgiu uma Escola que, pela qualidade do ensino, tornou-se um Colégio particular muito reputado que, também, sustentava um setor de educação primária totalmente gratuita.

Com a colaboração dos pais sempre solicitados à participação, muita gente de fibra, de caráter inquebrantável, de alto valor profissional e ético, foi moldada e formada, com base sustentável, para a vida, através do incansável trabalho da Irmã-Diretora que selecionava sua equipe no detalhe.

Os funcionários, quase tão antigos quanto a própria Instituição orgulhavam-se do Colégio e da confiança depositada em seu trabalho.

Aos poucos, o imenso terreno foi ocupado por alguns prédios escolares e um enorme auditório e palestra para o ensino da Ginástica e prática de esportes. Muitos eventos aconteciam, seja nas dependências do complexo, seja por meio de excursões e participações externas. Ouviam-se as risadas, os violões, a garrulice dos pais.  O ambiente era de alegria e felicidade.

Repentinamente a felicidade foi cortada. O enorme jardim, antes aberto ao público, foi interditado ao mesmo. As belíssimas primaveras roxas, laranjas, rosas, e brancas que insistiam em ornar a fachada do Colégio acima do muro que o cerca, foram barbaramente decepadas a golpes de facão. A altura acima do muro, até então ocupada por flores, foi preenchida por tijolos e acima destes foram passados  fios de cerca elétrica. Em lugar das acolhedoras e poéticas flores, fios eletrificados:  a barreira, a agressividade.

Santo Deus! O que está acontecendo?

Resposta:
Nem sempre Deus é Santo!

Autoridades religiosas oriundas de um imponente escalão, até então praticamente desconhecido ou sentido, importam, de outro país, uma freira para exercer as funções de Diretora. A maioria das irmãs foi enviada a outras destinações.  Algumas, poucas, foram exiladas em uma casinha localizada num beco ao lado do complexo. A Irmã-Fundadora foi sumariamente demitida e despachada. A situação foi tão grave e tão drástica que, penalizados, inúmeros pais reuniram-se e recorreram, junto às autoridades públicas, pelos direitos civis usurpados das freiras, algumas das quais idosas e/ou adoentadas.

O setor escolar gratuito foi extinto.

Tenso, o ano-escolar foi iniciado, sob a égide da incerteza, da desconfiança, da tristeza e da saudade dos tempos áureos. A nova administração religiosa, inicialmente, havia, inclusive, impedido a continuidade do processo de matrícula. Isto foi há dois anos. A beleza feneceu, a alegria evadiu-se, a felicidade esvaneceu.

O Colégio mudou de nome e acredito que o nome atual signifique Jesus. Ao lado do portal em que o novo nome do Colégio está gravado com letras de inox, uma placa.  Nela lê-se textualmente:


“Uma escola para aprender a conviver com solidariedade.”

“Educação integral de qualidade para a vida florescer.”



Solidariedade? Convivência com solidariedade?! Certamente, as irmãs.  Em sua nova casinha purgadora.

Em tanta mudança, solidário foi o comportamento dos pais. Interesse e responsabilidade recíprocos, mutualidade de interesse e deveres foram vistos, ao longo dos anos, no crescente florescer desse educandário que portava o nome de uma Santa, antes da reforma radical.

Florescer simbolizado pelas primaveras exuberantes que, anteriormente, enfeitavam a fachada do educandário. E, percebam quanta simbologia! “Primavera”; estação do ano caracterizada pela renovação da vegetação.  Logo, renovação da vida através de nossos filhos, as crianças. “Primavera” estação das flores.  Logo, a juventude, a primavera da vida.

Compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas pelas outras e cada uma delas por todas, ou seja, solidariedade.  Não foi percebida em sua integralidade.

Porque a integralidade não pode fazer parte, apenas, da metodologia qualitativa de um educandário onde, sim, a vida floresceu a todo vapor e com todo o vigor, conforme representado pelas exuberantes primaveras.

A integralidade é representada por uma postura de vida coerente, compromissada com todas as esferas sociais e não apenas com aquela cercada e protegida por fios elétricos e áridos muros, qual muralhas de presídio. 

A vida floresce apenas onde há o húmus representado pela convivência, pelo intercâmbio, pela confraternização e pela verdadeira pratica solidaria entre as diversas camadas das múltiplas esferas da comunidade societária humana local e/ou global, integrada com as demais sociedades da fauna global integral.

Que este nosso desabafo seja, apenas, uma pequena demonstração de pesar e, ao mesmo tempo, sirva de estimulo para as irmãs totalmente desterradas do habitat material, intelectual e espiritual tão bem idealizado, forjado e construído ao longo de inúmeros anos de disciplina e sacrifício que tanto as honrou e honrou nossa cidade. 

Felizmente, então, a missão que haviam escolhido, gratificava-as através do reconhecimento e profundo respeito de toda uma comunidade incluída a vizinhança. Comunidade que, diretamente, com elas convivera, na lojinha de artesanato, no desfrute dos saborosos licores e biscoitos, nos educandários, seja o gratuito, seja o pago, em que as famílias, também, encontravam acolhida.

Para elas o Santo Deus jamais deixará de ser Santo, pois Ele sempre continuará a agraciá-las com as suas bênçãos e, dentre elas, o carinho e o reconhecimento irrestrito dos pais e alunos da insigne instituição a que deram luz, iluminadas por Ele, através do Amor incondicional a toda e qualquer criança, de toda e qualquer camada socioeconômica da população soteropolitana.

Silvia Vannucci Chiappori
17.03.2011



segunda-feira, 14 de março de 2011

VIA CRUCIS


VIA CRUCIS

Leo,
Nele,
Leon,
Arde ardor,
LEONARDO

Urinou louro,
Rolou olor
Pelo ninho
E ourinho,
PELOURINHO

Rode dedo,
Medre medo,
Remoe,
E dorme,
ORDEM

Certeira,
Arteira,
Arte tece
Carreira
Rente
TERCEIRA

SÃO

Nacos,
Ranços,
Sacos coisas.
Cisco franco,
Francos ciscos,
FRANCISCO

Xii!
Xôo!
LIXO

Ousas,
Ousas pouso
Ouso,
Ouso pouso,
Pousas Ossada
POUSADA...................... “ANA BELLA!!!!

                                                 
                                                  Silvia Vannucci Chiappori
                                                                                                 14.03.2011

domingo, 13 de março de 2011

DE HOMENS E DE "BICHOS"

A História que ninguém conta.... (colaboração de Hilda Burgos)


Em rara e pouco conhecida aquarela feita pelo artista francês Jean Baptiste Debret entre 1817/29 e inserida no belo livro de Pedro Correia do Lago "Debret e o Brasil", lançado recentemente pela Editora Capivara, onde são reproduzidas mais de 1.300 obras de Debret, muitas delas inéditas, vê-se um "nobre" que, devidamente protegido dos raios solares por seu escravo, urina contra o muro de uma edificação urbana..
É este o primeiro registro iconográfico de um mau hábito carioca, o de urinar na rua, onde bem lhe aprouver. A aquarela pertence a Jean Boguici.
Nenhum artista tratou desse tema, infelizmente tão atual.

Leia abaixo texto sobre nossos porcos e velhos hábitos.

 
COPROLOGIA HISTÓRICA   
  
Recentemente, a subprefeitura do Centro lançou uma campanha de mudança dos costumes muito boa. A municipalidade gasta verdadeiras fortunas com a limpeza e remoção de excrementos e urina dos logradouros do Rio. A falta de educação de alguns, aliada também à falta de bons banheiros públicos, generalizou o costume incivilizado de parte da população carioca se desobrigar atrás de todas as árvores, postes, esquinas e monumentos públicos da cidade. A campanha contará com cartazes moralistas relatando que “...esta não era a educação que seus pais lhe deram”. Apesar de a medida ser altamente meritória e necessária, os dizeres não encontram respaldo na história.

Com efeito, não são poucos os viajantes que se referem à sujeira das ruas do Centro do Rio no início do século XIX. As casas não tinham banheiros. No máximo, uma “casinha” no quintal, cuja fossa era limpa à noite por um escravo, o qual recolhia o conteúdo em tonéis de barro e depois conduzia esse “cabungo” na cabeça até a praia ou terreno baldio mais próximo, onde era feito o despejo. Como, freqüentemente, esse tonel vazava e tingia o infeliz de malcheirosas manchas, o povo apelidava esses pobres escravos de “tigres”.


A urina, por sua vez, era despejada das janelas das casas em urinóis, em plena rua. Uma lei de 1776 obrigava apenas ao arremessante a bradar antes a advertência: “água vai!”.
 
Quanto ao povo, este se desobrigava em qualquer lugar. Não existiam pudores ou restrições. Afinal de contas, eram poucas as mulheres que saíam às ruas e, quando saíam, era aos domingos, e sempre acompanhadas de seus maridos ou pais. Nas ruas do Rio, no dia-a-dia de 1800, somente homens e escravos perambulavam. Para piorar a situação, o mau exemplo vinha de cima. Vinha do próprio Rei!

D. João VI comia muito, muito e mal. Diabético e doente, nem por isso se continha à mesa, devorando, por vezes, de quatro a seis frangos por refeição. Quando o Rei partia do Palácio de São Cristóvão em direção ao Centro, em sua carruagem não poderiam faltar um urinol, penico e os respectivos criados responsáveis pela sua higiene. No trajeto, a carruagem parava ao menos duas vezes. Quando era a vez do Rei “obrar”, a carruagem estancava, um criado montava o “trono” portátil e a guarda cercava Sua Majestade, impedindo os curiosos de ali passar. D. João sofria de flatulência, soltando gases em todas as ocasiões, solenes ou não. Coitado do criado que esboçasse um riso ou gracejo. Seria cortado do serviço no Paço!
 
Vieira Fazenda, historiador carioca, relata o caso de uma procissão de Corpus Christi em que o Rei arriscou um flato e este veio “acompanhado”; o que obrigou D. João a correr para uma casa na Rua Direita (atual Primeiro de Março), atrás de um “trono”. D. Pedro I herdou esse problema. A diarréia histórica mais famosa que conhecemos é a que acometeu o Príncipe, às margens do Riacho Ipiranga, em São Paulo , a 7 de setembro de 1822. Os historiadores citam que a viagem se retardara muito porque D. Pedro tinha de “...se apear do cavalo de meia em meia hora para obrar”. Estava nessa situação quando o correio Paulo Bregaro lhe entregou as cartas do Conselho de Estado, que pediam nossa Independência. D. Pedro se conteve como pôde, reuniu a guarda, informou-os da situação e deu o famoso brado que nos libertou de
Portugal.

Em 1824, D. Pedro I assistia a uma parada dos soldados mercenários alemães na Fortaleza da Praia Vermelha, quando pediu desculpa aos oficiais, se agachou perto dum muro e “obrou” na frente dos embasbacados militares. Um desses militares alemães escreveu um diário onde relata que, quando ainda jovem, o Príncipe D. Pedro costumava urinar do alto da varanda do Palácio de São Cristóvão nos soldados que passavam embaixo. Nas cartas que enviou à sua amante, Marquesa de Santos, D. Pedro cita por várias vezes seus problemas gástricos. Numa missiva do Imperador datada de 13 de dezembro de 1827, existente no acervo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ele conta que “...Cheguei à casa, tomei a tisana (remédio) e obrei até agora cinco vezes e muito.” Noutra carta, esta sem data, mas igualmente da coleção do IHGB, ele conta que “...Eu não passei muito bem... ...depois obrei e agora estou perfeitamente bom...” Nem todas as cartas de D. Pedro eram assim. Numa delas, datável de julho de 1826, ele até escreveu no envelope um poema à sua amada:
 
     “Este lindo passarinho canta,”
    “brinca, pica e fura,”
    “mas quando torna a repicar,”
    “é mais doce a pica dura.”

 
A Marquesa era até informada dos problemas coprológicos das filhas do Imperador. Na carta datada de 23 de setembro de 1827, da coleção Caio de Mello Franco, D. Pedro relatava que a filha de ambos, Duquesa de Goiás, “...tomou um purgante de óleo de mamona, com que obrou três vezes e deitou uma lombriga.” 
 
Afinal, no meio dessa literatura “tão romântica”, D. Pedro pediu perdão à sua Marquesa pelos assuntos tão particulares assim relatados, justificando-se, na carta de 13 de dezembro de 1827, de que nele “A fruta é fina, posto que a casca seja grossa”.

Portanto, se a subprefeitura for contar com a educação de nossos antepassados, - estamos roubados!   
                                                       Milton de Mendonça Teixeira
(HISTORIADOR)

sábado, 12 de março de 2011

CRIANÇAS NO ABATE


Exploração animal é exploração humana:
o trabalho de crianças e adultos em matadouros

Por Sérgio Greif (da Redação da ANDA)



Não se engane o leitor com a linha de defesa que proporei no presente texto. Vira e mexe recebemos noticias de que um ou outro matadouro em algum canto esquecido deste país emprega mão de obra infantil em sistema de escravidão. Crianças de 10 anos ou menos cumprem todas as etapas do processo de abate (recepção, manejo, atordoamento, degola, sangria, estripamento, esfola, evisceração, corte da carcaça). E fazem isso no chão do recinto, sem a utilização de equipamentos apropriados, sem aventais, botas, luvas e toda a paramentação apropriada.
Peço que o leitor não se engane porque o presente texto não tem a intenção de fazer uma crítica ao abate da forma como ele é feito hoje, para sugerir que as pessoas passem a consumir a carne apenas de abatedouros e frigoríficos conhecidos, que realizem o abate humanitário, que possuam boas práticas sanitárias e que só empreguem mão de obra adulta. Há vários textos meus que servem como crítica também a essas formas de abate (ver na ANDA o meus artigos Abate humanitário e Visita ao matadouro.  A intenção desse texto é, tão somente, demonstrar para o leitor uma realidade que nem sempre está clara.
Crianças foram flagradas com porco abatido no matadouro público de Itaú. Foto: O Vale do Apodi
Sabe aquela propaganda que relaciona o consumo de drogas com o submundo do tráfico de armas e de drogas? Nela um rapaz de classe média adquire drogas de outro rapaz de classe média. Este, por sua vez, adquire essa droga de um traficante, que usa o dinheiro para comprar armas, que ele fornece para assaltantes, que baleiam um ente querido do primeiro rapaz de classe média. A intenção é mostrar que o consumo de drogas tem uma relação íntima com o tráfico de drogas, que por sua vez tem relação com o tráfico de armas, com o latrocínio e a bandidagem. Se formos mais fundo veremos que até a pirataria de filmes, a pornografia e a prostituição estão, de certa forma, relacionadas com essas mesmas atividades.
No que diz respeito ao consumo de carne a situação não é muito diferente. É verdade que a criação e o abate de animais não são atividades marginais, nem ilegais, e nem são considerada ilícitas. Mas, ainda assim, elas são constantemente envoltas em escândalos relacionados ao tratamento dado aos funcionários.
A notícia publicada em 8 de março de 2011 se refere a crianças trabalhando em um matadouro no Rio Grande do Norte a troco de sobras de animais abatidos. Li essa notícia com uma sensação de déjà vu. Não é uma notícia antiga? Pela data não, mas me recordo de haver assistido à notícia, anos atrás, de crianças trabalhando em matadouros a troco de gordura, tripas, entranhas e vísceras, que eram cuidadosamente raspadas do chão do estabelecimento após o abate. Fato recorrente.
Trabalho escravo e pecuária são temas interligados, isso desde a colonização do Brasil. Embora em nosso país a pecuária tenha sido praticada historicamente de maneira extensiva, fazendo uso de grande quantidade de terras, com pouca necessidade de mão de obra, produzindo para o mercado interno, com baixos rendimentos e pequena capacidade de acumulação, é fato que ela empregava grande quantidade de trabalhadores escravos.
Atualmente a pecuária brasileira é algo bastante diferente. O rebanho sofreu melhorias genéticas, há melhor controle sanitário para doenças infecciosas e os pastos são cultivados com as gramíneas de melhor rendimento. Ainda assim há coisas que permanecem inalteradas nessa atividade, que são sua relação com o trabalho escravo, com o desmatamento, com os latifúndios e, obviamente, com a exploração animal. A maior parte dessas consequências são inerentes à pecuária, não podendo dela ser desvinculadas.
Não podemos pensar a pecuária sem vinculá-la à produção de alimentos para os animais. Ainda que o boi não vá ao pasto, alimentação deve ser fornecida ao gado na forma de volumosos e grãos. Isso demanda terras cultivadas, que demandam a abertura de novos campos de cultivo, o que leva ao desmatamento. Na pecuária extensiva fazem-se necessárias grandes extensões de terra (latifúndios) para produzir relativamente pouco. Além disso, há o aspecto dos direitos animais, que são sumamente contrariados quando animais são criados para produzir bens, sejam quais bens forem. Estes são, portanto, inerentes à pecuária.
A escravidão humana não é inerente à pecuária, mas sua frequência nessa atividade é altíssima. No Brasil, a maior parte das denúncias realizadas no Ministério do Trabalho referem-se ao emprego de mão de obra escrava na pecuária. Ao contrário do gado, que produz melhor quando recebe ração melhor, água em abundância e cuidados veterinários, trabalhadores que trabalham com o manejo desse gado são negligenciados nos aspectos mais básicos de suas necessidades (alimentação, água, local adequado de moradia, condições sanitárias etc.). Essa mesma escravidão humana tem sido utilizada pelos europeus para levantar barreiras comerciais à carne brasileira sob a alegação de motivos humanitários.
Cabe aqui a ressalva, porém, de que essas denúncias não se restringem ao Brasil. A cadeia produtiva de carne tem relação com o subemprego também em outros países, como os EUA, onde imigrantes ilegais são forçados a trabalhar além do estipulado pelas leis trabalhistas, recebendo salários incompatíveis e sofrendo toda sorte de abusos.
Mas se a escravidão humana não é inerente à cadeia produtiva de carne (suponho que na Escandinávia não existam escravos), mesmo trabalhadores assalariados sofrem uma forma de abuso que é inerente à pecuária. A exposição ao sofrimento animal. Certamente uma pessoa que se sujeita a trabalhar tocando o gado com bastões de choque, que atira em sua fronte com uma pistola de ar, que suspende uma vaca ou uma galinha em um gancho e depois lhes corta o pescoço , abre sua barriga para extrair as tripas não está trabalhando em um ambiente saudável. Não é uma questão de paramentação, mas de impressão.
Uma pessoa que trabalhe nessa atividade dificilmente chega em casa e consegue ser amorosa com seus filhos, ou se vê capaz de cultivar relações normais. Com frequência essas pessoas acabam amenizando seu trabalho insalubre se afundando em vícios. Pessoas que se acostumam com o sangue jorrando do corpo de animais, ou que deixam de sentir compaixão com seus gritos de dor e desespero, frequentemente serão indiferentes ao sangue jorrando do corpo de seres humanos, serão indiferentes ao seu sofrimento.
Então quando crianças são expostas a essas formas de violência (e é exatamente isso o que se pratica em matadouros – violência), elas estão também, de certa forma, endurecendo seu coração para suas relações futuras. Podemos esperar que pessoas que lidam com a morte saibam respeitar a vida?
Entendemos que ninguém trabalhe nessas atividades por prazer, mas por necessidade. Portanto, ainda que se trate de trabalhadores assalariados, ainda há o fator da exploração humana embutida à pecuária e à cadeia produtiva da carne.
Fonte: ANDA - http://bit.ly/eo6oi4





























Cão "PINPOO" continua desaparecido

Cão que deveria ser transportado pela companhia aérea Gol continua desaparecido

11 de março de 2011

Por Lilian Garrafa  (da Redação da ANDA, Agencia de Notícias de Direitos Animais) 


O cão ‘Pinpoo’, que deveria ter viajado de Porto Alegre (RS) para o Espírito Santo no dia 2 de março em voo da Gol, até agora continua desaparecido.
Conforme noticiado pela Anda em 6 de março, a tutora do cão, Nair Flores, pagou 700 reais para enviar o cão, que tem 10 meses, desacompanhado, em voo da Gol, porque a empresa pela qual ela iria não transportava animais com 9 kg.
Tendo seguido em voo paralelo para o mesmo destino, ela soube que o cão não chegaria, quando parou em uma conexão em Minas Gerais, e foi avisada por telefone que ‘Pinpoo’ teria fugido antes do embarque.
O retorno da visita na casa da filha em Guarapari (ES) que duraria até 15 de março, foi antecipado para o dia 8. “Nem vi o mar, voltei antes porque queria procurar o ‘Pinpoo’. Estava tão nervosa que passei mal durante o voo”, disse Nair.
“A Gollog disse que a culpa não é deles, e sim da empresa terceirizada que leva seres vivos até os aviões”, disse Nair.
Desde então, a busca no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, nao para. “Somos muito apegados, ele dormia na cama comigo. Já procurei pelas matas do aeroporto gritando o nome dele. Se tivesse me ouvido, teria vindo correndo”, afirmou. Nair até espalhou peças de roupas dela pelas árvores para tentar atrair o cão pelo cheiro, mas não teve sucesso.
‘Pinpoo’ mescla as raças pincher e poodle, por isso tem este nome. O animal foi doado a Nair pela filha, para substituir o cão que ela perdeu em janeiro.
Nair não pediu o reembolso, mas registrou boletim de ocorrência e pretende acionar a Justiça, caso não encontre seu cão.
Para ela, a sensação é de um filho sequestrado. “Não acredito que ele esteja no aeroporto. Ou morreu ou foi roubado. Ele é bem amistoso, gosta de colo. É um cão caseiro, não sabe viver sozinho. Alguém pode ter levado.”
A Gol informou em nota oficial que está apurando o caso e tem prestado apoio à cliente.
Nota da Redação: O importante é que o cão seja encontrado. A Gol deve mobilizar todos os esforços para que o cachorro seja encontrado. A responsabilidade pelo encaminhamento com segurança é totalmente deles. É preciso seja em definitivo criada uma regulamentação que proteja e que seja segura e confortável para os animais que são embarcados. Eles não são objetos para irem em compartimentos de carga. E pior, sendo tratados como uma mercadoria sem valor

sexta-feira, 11 de março de 2011

HOMEM X ANIMAL, Silvia Schmidt



No nosso dia-a-dia é comum ouvirmos frases em que aparecem comparações entre o homem e o animal.

Se bem observarmos, veremos que, geralmente, ocorrem essas comparações para se definir uma situação difícil, como por exemplo: "Aqui me tratam como a um cachorro!" ou "Hoje trabalhei feito um cavalo!".

São frases que bem retratam a educação de uma sociedade, e o que é pior, da nossa sociedade. Atentando para o verdadeiro teor dessas frases, podemos perceber quão pouco são respeitados nossos animais.

Você já notou o crescente número de cães velhos e doentes que perambulam pelas ruas da sua cidade? Saiba que já tiveram donos e a maior parte deles foi abandonada (excetuando-se aqueles que infelizmente perderam-se ao se distanciarem demais de suas casas).

Outros animais, a exemplo dos gatos, são covardemente perseguidos até a morte. Covardemente, sim, pois são seres naturalmente úteis e indefesos.

"Ninguém chuta gato morto"- Quem já não ouviu este dizer?

Todos, ou quase todos, os dias vemos burros ou cavalos puxando pesadas carroças. Você sabia que considerável parte desses animais, quando velhos, cansados, às vezes cegos, são sacrificados ou abandonados por seus donos, não recebendo, portanto, o mínimo sentimento de gratidão por tantos anos de serviços prestados?

É comum ouvirmos esta frase: "Aqueles apartamentos parecem gaiolas. Não dá pra agüentar!" - Aqui lembramos daquelas aves que são arrancadas de seu hábitat natural para viverem em minúsculas gaiolas, assim como o pássaro preto, sabiá laranjeira, o papagaio, a arara e etc...

Saiba que o comércio dessas aves é proibido por Lei e você pode e deve denunciar aqueles que praticam esse tipo de comércio.

Há pouco tempo ouvimos alguém dizer: "Esse médico quer nos fazer de cobaias!"- Veio-nos à lembrança a vivissecção. Você sabe o que é vivissecção? Se não souber, pergunte a médicos, estudantes de medicina, biologia, etc. E, eles lhe dirão: são experiências feitas em gatos, cães e outros animais vivos, que têm seus corpos abertos para estudos e depois, muitas vezes são mortos e jogados no lixo."

É necessário que tudo isso tenha fim. A Natureza deve e merece ser preservada, não só pelo respeito que lhe é devido como, também, pelas conseqüências terríveis que podem advir do desequilíbrio do relacionamento homem-animal.. .

Você pode ajudar! Lembrando o chamado de Cristo: "Vinde a mim todos os que estão cansados e oprimidos e eu vos aliviarei".
Em nenhum momento tem-se que Ele se dirigia, apenas, aos homens.

Ame os animais assim como Deus o ama: GRATUITAMENTE.
Você pode!

DO TEMOR DE TREMORES, TSUNAMIS E ASSOCIADOS

Estou errada ou, dias atrás, um vulcão entrou em erupção no Havaí?

Há relação entre uma erupção e um tremor de terra cujo epicentro situa-se no mesmo hemisfério e na “mesma” área geográfica?  Pois, se não fosse, o alerta para tsunamis conseqüentes não deveria caber ao Havaí, Costa Oeste dos EUA e, até, às Ilhas Galápagos.

Qual a relação entre a explosão de uma bomba atômica e um tremor de terra, se a bomba é explodida dentro da terra? De quais países, atualmente, tememos a fabricação de bombas atômicas?  Não se situam no mesmo hemisfério e na “quase” mesma área geográfica? Como acreditar que uma Hirsohima-Nagasaki nas entranhas da terra não cause transtornos à mesma?

Quando estive no Peru, em 1968, por dez dias, a trabalho, em Lima, um senhor, ao acompanhar-me na visita de uma Igreja parcialmente destruída por um terremoto, assim se expressou: “Que pena que, enquanto você esteve aqui, não houvessem terremotos.” Semi-chocada, com um gesto, demonstrei-lhe que não fazia nenhuma questão.

A sensação de um tremor de terra eu a experimentara, quase que contemporaneamente, um dia, quando, no horário do almoço, família toda reunida no 23º andar do Edifício onde residíamos, na Rua São Carlos do Pinhal, junto ao Edifício de “A Gazeta”, em São Paulo, repentinamente, o lustre acima da mesa onde almoçávamos começou a bailar e nosso Pai, tranquilamente, informou tratar-se de um terremoto.

Devo dizer que com o estomago um pouco doído continuei a comer, temerosa. Mas, nosso Pai nada demonstrou fazendo-nos ficar confiantes. 

Anos antes, eu residira no Vale do Sacramento, na Califórnia, onde a assustadora Falha de San Diego cria expectativas, muito embora os que lá residam sequer pensem na mesma e continuem a viver calmamente com toda a intensidade.

Certa noite de inverno, fui acordada pelo dono da casa que me fez olhar pela janela.  Lá fora estava tudo coberto de neve! E, neve não caia na cidade há mais de 30 anos! Fiquei feliz, muito embora já conhecesse a neve, pois, frequentemente, esquiávamos no Yosemite Park. Terremotos, felizmente, não houve.

Anos depois, mais precisamente em 69 e 70, moramos na Itália, a trabalho. Residimos na Sicilia, onde, junto com uma equipe internacional, elaboramos o Plano de Reconstrução da Sicilia Ocidental que fora devastada por um terremoto em 1968.

Em Menfi, residimos numa velha casa, com paredes muito espessas, das poucas que não haviam sido destruídas pelo terremoto.  Toda noite, eu deixava pendurada no berço de minha filha, uma sacola com mamadeiras, fraldas, etc. tudo que ela pudesse vir a precisar, pois eu sabia que ocorrendo um terremoto eu não fugiria sem a menina e ao agarrá-la, concomitantemente, agarraria a sacola que lhe ofereceria algum bem-estar. 

Eu só não sabia, que enquanto ocorre o terremoto as portas não se abrem, pois tudo sai do esquadro. Tinha sim, que proteger-nos, como já nos haviam ensinado nossos pais, aqui no Brasil.  Então, residíamos numa casa, no bairro do Paraíso, em São Paulo.  A melhor proteção, explicara nossa Mãe, é sob o arco de uma porta.

Posteriormente, fomos residir em Partinico, sempre na Sicilia Ocidental.  Coincidentemente, num edifício construído a prova de terremotos. Ele era flexível e podia oscilar 6 (seis ) metros. Tinha seis andares e nós residíamos no último.  Certa noite, de inverno, acordo e, pela janela, ao olhar a montanha em frente, vi-a totalmente coberta de neve.  Mais uma vez!  Após quase 30 anos, a neve voltara a Partinico!

Terremotos? Não houve.  No entanto, houve tremores, mas toda vez que isto aconteceu estávamos viajando a trabalho!

Em seguida, no segundo ano, residimos no Abruzzo, região, também propensa a terremotos. Mas, aí, nem tremores, nem terremotos, nem nevascas fora de programa.  Apenas, o usual esperado na área em que residíamos.

No entanto, eu amava a cidade de L´Aquila. Amava, não.  Amo. Amo, mesmo. Não sei qual é o imã que me prende a essa cidade. E, o porquê desse amor inusitado. Assim, sempre que achava um tempinho, inventava fazer o supermercado em L´Aquila, pois amava, também, viajar pelas montanhas até lá chegar. Foi aí que aprendi que, “Em qualquer situação de vida pode-se meditar”.  Basta soltar nosso pensamento.  E, assim acontecia no percurso. Essas viagens completavam-me, faziam-me crescer intelectualmente. Revigoravam-me dando-me um bem-estar interior inolvidável. 

E, L´Aquila nem se fale.  Chorei desesperadamente, muito mesmo, desconsolada como um bebê, quando do terremoto que a destruiu em 2009.  Posteriormente, falando com turistas chorei, ainda. Jamais imaginara uma ligação tão forte!

Mas, há muitos anos, foi aqui no Brasil, mais precisamente em Fortaleza, no 8º andar do Hotel Othon, à meia-noite, que senti um pouco o que é a sensação de um tremor de terra. Estávamos minha amiga-irmã, Régine e eu, deitadas, cada qual em sua cama, colchão cinco estrelas, após um dia muito agradável e, inclusive, divertido.  Como sempre, passamos o tempo muito alegre e animadamente.  Régine é inquebrantável em seu bom humor e eu não fico atrás. 

Subitamente, sinto algo que não sei bem definir até hoje, mas uma clara dor nas costas, como se eu estivesse esfregando-as numa daquelas antigas tábuas de lavar roupa de nossas mães e avós.  Olho assustada para a Régine, já que eu não estava a entender nada.  Ela me olha nos olhos, interrogativamente, como a perguntar-me “E, o que é que você está aprontando agora” (sempre fui, um pouco, a indisciplinada criativa da família).  Respondi que “Nada! Não sou eu!”

Posteriormente, soubemos que se tratara de um tremor de terra, como, frequentemente, ocorrem no norte da Região Nordeste, a partir do Rio Grande do Norte.

Aquele era um tempo de “Guerra Fria”, “Cortina de Ferro” e Bomba Atômica muito utilizada em experimentos velados, subterrâneos, nos EUA e na Rússia.  

Contudo, não sei correlacionar o que sentimos em Fortaleza com o assunto, porque não apenas não me lembro como, também, de férias, simplesmente, não estava interessada no assassinato do Homem pelo homem ou na destruição do “planeta do homem”.  Pois, então, a questão toda possuía uma diferente abordagem que tinha mais a ver com “subversão” do que com a conversão atual, vagarosa e lentíssima, do homem para o Homem.

Silvia Vannucci Chiappori
11.03.2011
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CARTA AO MEU IRMÃO


Caro Mano,

Quanto mais o tempo passa, mais envelhecemos e, com isso, a memória volta muito nítida.

Quanto mais o tempo passa, mais me lembro dos nossos pais e do quanto fizeram por nós.

Quanto mais o tempo passa, lembro-me, portanto, dos detalhes da nossa criação e da sua, por exemplo.

Então, é inevitável tecer comparações com a situação posterior, em que você passou a ser pai.

Você teve, da parte do nosso pai, uma criação dura, pois que nasceu após três meninas e ele temia que nós, as meninas, o “dengariamos” demais. Então, foi rígido, mas, seguramente, não tão rígido quando fora a criação dele.

Por outro lado, você nasceu com graves problemas de visão: um forte estrabismo e albinismo de fundo de olho o que reduzia sua visão a cerca de 1/4 da visão normal. Por conta disso, você necessitou dos cuidados contínuos e extremamente zelosos da nossa incansável Mãe.

Em nenhum momento, em nenhuma fase da sua vida você foi abandonado, seja por ela, seja pelo nosso pai, que a TUDO sempre proveu, ainda que, por vezes, trabalhando noite e dia.

Você foi tratado pelos melhores oftalmologistas, freqüentou as melhores escolas, à quais, felizmente, sua inteligência e esforço pessoal sempre fizeram jus. Por mais rígido que o nosso pai possa parecer ter sido, ele JAMAIS o abandonou e esteve SEMPRE PRESENTE incentivando-o e apoiando-o solidamente da melhor forma, milímetro a milímetro de sua caminhada.

Assim, no entanto, apesar de “vesgo” você foi cuidado, amado, zelado e ajudado no crescer e desenvolver todo o seu potencial a fim de tornar-se um cidadão exemplar.  No conceito cidadão exemplar, embute-se o conceito de pai exemplar ao qual, lamentavelmente, você não correspondeu.

Do seu filho, no qual você depositou tantas esperanças a ponto de chamá-lo “Segundo”, você descuidou-se.  Esqueceu-se de olhá-lo de frente e amá-lo de verdade procurando perceber suas carências e necessidades. E, no entanto, você tinha todo o conhecimento, de que seu filho, desde antes de sua concepção, poderia vir a ter necessidades especiais.

Quando nossa Mãe disso se apercebeu, por ocasião de uma visita dela a vocês, ela, sempre zelosa e dedicada, tratou logo de levá-lo a especialistas e tratou de fazer tudo o que necessário se fizesse para repor o tempo perdido e tentar recuperá-lo.

Nesta época, ele já perdera a própria Mãe tão amorosa, tão correta, tão dedicada, batalhadora esforçada e infatigável. Assim, seu filho, por um período, esteve aos cuidados de nossa Mãe até que você a demitisse e “assumisse” os cuidados ao seu filho. Era o que acreditávamos estaria sendo feito...

No entanto, novamente, você esqueceu-se de olhar para o seu filho de frente, olhos nos olhos.  Pois, a realidade era cruel e, como um avestruz, você escondeu a cabeça sob as asas delegando os cuidados dele a outra pessoa, que não tinha qualquer laço de sangue, qualquer laço de carinho, qualquer laço de respeito por mais um ser humano sofredor, ainda que ele fosse, até então, o seu único filho.

Foram anos de crescimento sob muita violência, de muito desrespeito à integridade físico-emocional e mental do garoto, além da maior privação, a do Amor, demonstrado, apenas, com maus tratos de toda sorte.

Até hoje, seu filho já com quase 32 anos, a situação permanece.  E, então, e eu fico a perguntar-me o que lhe teria acontecido, meu irmão, se nossa Mãe não existisse e se o nosso pai o tivesse rejeitado por  você ser “vesgo”? Pois, a Mãe do seu filho, falecida, abandonou-o precocemente e você o rejeita por ser ele um “vesgo” mental.  Você o rejeita por ele não ser o que você idealizara que ele seria: um “Segundo “ à sua altura.  O que você fez para ajudá-lo a ficar mais próximo dessa “altura” que você almejava para ele?

Nada! Muito ao contrário. Negou-lhe o direito de ter sua “vesguice” reconhecida e amparada, ajudando-o a desenvolver-se dentro de suas capacidades e limitações. Você cobra dele comportamentos “normais” e, até, exige dele Carteira de Trabalho assinada! Não o alimenta, não o veste e, malmente, dá-lhe abrigo, quando dá. Assistência Médica? ZERO! Privou-o do Amor e do Material.

Nem o nascimento de um seu segundo filho, ha mais de vinte anos, fez você despertar para os absurdos que você cometeu e CONTINUOU a cometer! Uma de suas vizinhas atuais falando comigo desabafou “Por que para um filho TUDO e para o outro NADA?!”. Por quê? Dois pesos e duas medidas?! Até na piscina(!!) da vossa casa ele não tem o direito de entrar! E, pergunto-me, de que serve ir à Igreja, orar, ouvir pregações, ler a Bíblia se não há Amor?

Porque, meu irmão, o filho não pede para nascer. É nossa obrigação cuidá-lo, ampará-lo dar-lhe todas as MELHORES condições para torná-lo um cidadão completo. A Bíblia faz menção às obrigações do pai. A Bíblia faz menção aos Mandamentos do Senhor.  E, dentre eles está um que poderia ser único.  Bastaria ele, apenas. “Amai-vos uns aos outros”. Ou, “Ama o próximo como a ti mesmo”.

Porque, meu irmão, de você, seu filho não leva esse exemplo. De você, o exemplo que ele tem é que, ou você só ama a você mesmo, ou no “uns aos outros” ele não está incluído, nem esteve, nem estará.  Prova disto são todas as palavras, ações e gestos que você fez e faz questão de continuar emitindo para evidenciar o quanto você o despreza, o quanto você não o ama e o quanto você não quer vê-lo de frente. 

De que adiantou privá-lo de TODAS as fotos da Mãe?! Ele não a esquece e a memória que dela tem é a mais fiel e perfeita possível. Outro dia, disse-me: “Minha mãe era muito meiga”. Quem poderia ter pintado um retrato tão verossímil, tão perfeito em que ela TODA coube em uma única palavra?  Só ele, o próprio filho.

Assim, conforme já tive ocasião de explicar ao seu filho, ao olhá-lo de frente, olhos nos olhos, entre você e ele, seu filho, surge o espectro da falecida Mãe do garoto.  E, este espectro explode em sua consciência, meu irmão.

Portanto, para você, melhor é manter a venda diante dos olhos, a cabeça sob as asas. Pode ser que a freqüência à Igreja anestesie sua consciência.  No entanto, ela, um dia, despertará e, então, você terá que prestar contas a ela e ao próprio Senhor Deus que, desde SEMPRE tudo vê e tudo sabe. 

Boa Sorte!

Sua irmã, Silvia
Salvador-Ba, 11.03.2011